Ibovespa fecha em alta de 2,53%, na máxima, aos 118.573,10 pontos; novo recorde
A Bolsa de São Paulo começou 2020 registrando nova marca histórica e com alta praticamente generalizada entre as ações, amparada pelo bom humor no exterior, diante da proximidade de oficialização do acordo inicial entre Estados Unidos e China e ainda sustenta pelas perspectivas favoráveis para a economia doméstica este ano. O Ibovespa fechou o primeiro pregão do ano com elevação de 2,53%, na máxima, aos 118.573,10 pontos, recorde. Lá fora, o dia também foi de altas inéditas. Internamente, a confirmação de crescimento da atividade em 2019 como atestaram alguns indicadores informados hoje reforçaram entre analistas as estimativas de um ano de 2020 melhor que o anterior, o que também amparou o bom humor.
“O clima externo é positivo e isso ajuda a embalar o contexto local depois de uma leve correção, com investidores voltando às compras”, diz o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria Integrada. No último dia útil de 2019, o Ibovespa caiu 0,76% (115.645,34 pontos), mas terminou o ano com ganhos de 31,58%.
Nem mesmo a ressaca de fim de ano limitou o volume de negócios na B3, que somou R$ 20,9 bilhões, ficando acima dos anos anteriores: R$ 17 bilhões (2028) e de apenas R$ 8 bilhões (2017). Também no primeiro dia útil de 2019, o Ibovespa fechara em alta de 3,56%, aos 91.012 pontos, recorde histórico à época.
Normalmente, ressalta o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, no início do ano o investidor sente-se um pouco mais confortável para ousar, pois tem um ano pela frente para tentar recuperar eventuais perdas. “Dá para arriscar mais pois o ano está só no começo, e depois pode se ajustar, caso precise”, diz.
A afirmação do presidente dos EUA, Donald Trump, de que a assinatura do pacto comercial preliminar com a China ocorrerá neste mês foi um dos vetores do mercado acionário interno e internacional. Além disso, contribuiu para esse clima a informação de que o banco central chinês cortará a quantidade de dinheiro que os bancos devem ter nas mãos a partir do dia 6. A medida é um esforço para minimizar a desaceleração da economia, liberando cerca de 800 bilhões de yuans (US$ 114,6 bilhões) para fins de empréstimo.
Depois de iniciar o primeiro dia útil deste ano timidamente, na casa dos 115 mil pontos, o Ibovespa saltou para os 118 mil pontos, variando de uma mínima de 115.648,97 pontos a uma máxima de 118.573,10 pontos. Conforme um operador, “aparentemente” boa parte das compras hoje é feita por investidor estrangeiro, mostrando confiança no País. “Mas temos de esperar para ver se isso se concretizará e, em se concretizando, se será sustentável”, diz.
Para Campos Neto, a consolidação de informações e indicadores recentes sobre a economia brasileira também contribui para o desempenho na B3 nesta quinta-feira pós feriado de Réveillon. “O cenário para 2020 é bom. Temos visto consistentes revisões para cima nas projeções para o crescimento econômico”, diz, ao lembrar-se da Focus do Banco Central. Em seu última pesquisa (do dia 30), a mediana das estimativas para a alta do PIB em 2020 saiu de 2,28% para 2,30%. Quatro semanas atrás, estava em 2,22%.
“É só um ilustrativo Focus, mas há uma percepção mais favorável demonstrada pelos indicadores”, diz o economista da Tendências.
Hoje, foram divulgados dois dados que reforçam esse quadro. O emplacamento de novos veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) no Brasil em 2019 teve o desempenho mais elevado em cinco anos, conforme a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). No período, foram vendidos 2,78 milhões de novos veículos, maior número desde 2014, quando foram emplacados 3,5 milhões.
“Com a estabilidade econômica, a expectativa de crescimento do PIB Produto Interno Bruto, que devem gerar mais empregos e crédito à população, a Fenabrave acredita em um novo ciclo de crescimento das vendas de veículos para 2020, e projeta alta de 9,67% para o setor, em geral, sobre os resultados obtidos em 2019, devendo ultrapassar 4,3 milhões de unidades”, estima em nota.
Já o Índice de Confiança Empresarial (ICE) da Fundação Getulio Vargas (FGV), relativo a dezembro, alcançou a maior marca desde janeiro de 2019, ao subir 97,1 pontos ante novembro.
Entre as blue chips, os papéis da Petrobras registraram avanços de 1,72%(PN) e de 2,50% (ON), enquanto Vale ON subiu 1,93%, na onda da expectativa de assinatura de acordo comercial sino-americano este mês que impulsionou o petróleo e minério, respectivamente. CSN ON teve alta de 4,11%e Gerdau, de 3,80%.
O setor financeiro também avançou: Bradesco PN (3,70%) e ON (4,02%), BB ON (1,86%), Itaú Unibanco PNA (2,53%) e Unit de Santander (2,85%).
Já as ações ON da B3 ficaram na lista das maiores variações (5,78%), após o anúncio da nova política tarifária na Bolsa, como por exemplo a redução nas tarifas para investidores com maiores volumes, o que também ajudou no ambiente otimista.
Ainda na corrente das maiores variações ficaram JBS ON (5,43%), após a informação de que o acordo de acionistas do BNDESPar com a J&F, que é controladora do grupo, não tem mais efeito, uma vez que o prazo de vigência se encerrou em 31 de dezembro. Os investidores também monitoraram a notícia de que a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) notificou a identificação do primeiro foco de gripe aviária na Polônia.
Hoje, dos 68 ativos da carteira do índice, apenas cinco cederam e um ficou estável, com destaque para o recuo de YDUQS, de 1,58%.
Fonte: Jornal do Comércio/Classe Contábil
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